Petróleo e Sítio do Picapau Amarelo

Olá pessoal! Como vão vocês?

Vocês devem estar se perguntando: qual a relação entre  petróleo e Sítio do Picapau Amarelo? Pois bem! O protagonista desta história é o grande escritor Monteiro Lobato (fig.01), conhecido entre as crianças pela suas escritas na literatura infantil no Brasil.Monteiro Lobato Fora os livros infantis, escreveu outras obras literárias, tais como: O Choque das Raças, Urupês, A Barca de Gleyre e O Escândalo do Petróleo. Neste último, demonstra todo seu nacionalismo, posicionando-se totalmente favorável à exploração do petróleo, no Brasil, apenas por empresas brasileiras. Monteiro Lobato fundou várias empresas para fazer perfuração de petróleo, como a Companhia Petróleo Nacional.  A história de Monteiro Lobato com o petróleo começa em 1927, quando o presidente Washington Luís o nomeou adido comercial nos Estados Unidos, reconhecendo o escritor como um grande representante dos interesses culturais do Brasil. Em sua temporada nos EUA, acompanhou de perto as constantes inovações tecnológicas e industriais daquele país e, convenceu-se de que o progresso norte-americano era fruto de investimentos em ferro, petróleo e transportes. Para o saudoso Monteiro Lobato, nós brasileiros deveríamos seguir o mesmo caminho dos EUA,utilizando  políticas de desenvolvimento daquele país.

Já se sabia da existência de petróleo no Brasil, desde a época do Império, quando o Marquês de Olinda cedeu o direito a José Barros de Pimentel de realizar a extração de betume nas margens do rio Marau, na Bahia. Em 1930, o Engenheiro Agrônomo Manoel Inácio Bastos, realizando uma caçada nos arredores de Lobato (Fig.Figura 0202), bairro da periferia de Salvador, tomou conhecimento que os moradores usavam uma “lama preta” como combustível de suas lamparinas. Ficou conhecido nacionalmente como o local onde foi descoberto o primeiro poço de petróleo brasileiro na década de 1940, no período da campanha Getulista: “O Petróleo é nosso”.

Enfim, Monteiro Lobato não foi apenas uma grande escritor brasileiro de contos infantis, mas também lutou pelas riquezas naturais do nosso país em prol  do seu desenvolvimento e industrialização.

Espero ter contribuindo para mais um conhecimento de caráter cultural através da história do povo baiano que, tanto contribuiu e contribui  para o desenvolvimento do Brasil.

Professor Luciano Albuquerque

Professor da Rede Pública Estadual de Ensino da Bahia

Referências

PETROBRAS.petróleo.Disponível em: <http://www.petrobras.com.br/pt/&gt;. Acessado em 22 de maio de 2017

AGENCIA NACIONAL DO PETRÓLEO. Disponível em: <http://www.anp.gov.br/&gt;. Acessado em 22 de maio de 2017

WIKIPEDIA. Monteiro Lobato. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Monteiro_Lobato>. Acessado em 25 de maio de 2017

WIKIPEDIA. Monteiro Lobato.Disponível em:<https://pt.wikipedia.org/wiki/Petr%C3%B3leo&gt;. Acessado em 25 de maio de 2017

Variação linguística no Enem

 

 

Fig. 1: Nordestino. Desenho de Marcus Leone

Gosto muito de causos (assim mesmo, com u) e vou contar um:

Um dia, estava eu trabalhando, quando recebi um pedido de ajuda via mensagem de texto. O pedido era de um estudante que tinha vindo de outra região do Brasil e que estava dando continuidade aos seus estudos aqui na Bahia. O zap era assim:

Manda aí o outro nome da batata da perna.

Numa rápida pesquisa, encontrei “pantorrilha ou panturrilha. Printei a tela do celular e mandei de volta. É claro que fiquei curioso com aquele pedido e, mais tarde, pessoalmente, procurei saber o motivo. Aí, ele falou:

Rapaz… a professora fala uns nomes diferentes. Ela fala um monte de coisa que a gente não entende.

Como assim? ― Perguntei.

Apontando pro próprio corpo ele foi dizendo:

Isso aqui é aqui é titela, espinhaço, bolacha do juêi; isso aqui é mocotó, canela, munheca, venta, pau da venta e pá… Mas agora a gente tem que dizer de outro jeito!

Achei muito interessante o ritmo da fala daquele meu amigo, quase em tom de cordel. Ele revelou muito de sua rica cultura naquele breve instante. As tais palavras “científicas” ele também conhecia, mas pelo fato de não fazerem parte de sua fala cotidiana, não vinham à memória facilmente. Pelo jeito dele, tenho certeza que conseguiu conquistar muitos amigos em sua turma, incluindo a professora de anatomia. Entretanto, em se tratando de avaliações formais, é preciso trocar os vários falares pelo português padrão. Só lamentei ter contribuído com a pesca ou cola, pois eu não sabia que aquele pedido (o da batata da perna) era para uma prova. Ele que tivesse estudado o suficiente para lograr êxito.

Lograr êxito?! Crendeuspai! ― disse se benzendo ― Parece que engoliu o dicionário!!! ― complementou, sorrindo.

Entrei na brincadeira e troquei o “lograr êxito” por “se dar bem”.

Aê! Agora falou minha língua! ― disse ele, satisfeito.

É claro que, até aqui, nossa conversa tinha o tom de brincadeira, mas sem qualquer juízo de valor. O exemplo tratado aqui sinaliza que a língua falada pelo povo difere da chamada norma padrão, seja no norte ou no sul. Como professor, tenho pensado sobre essa distância, refletindo sobre os termos que utilizamos nos enunciados das avaliações impressas que podem gerar dúvidas e que, muitas vezes, impedem os estudantes de lograrem o tal êxito. Aliás, o termo “lograr êxito”, é uma variante etária, que ocorre na fala de pessoas com mais idade, mas é também uma variante social ou diastrática, que depende do grau de instrução e/ou estrato social do qual faça parte o falante. As variações linguísticas também podem ser históricas, geográficas, situacionais, etc.

Fig. 2: Dialetos do português
1. Caipira | 2. Costa norte | 3. Baiano | 4. Fluminense | 5. Gaúcho | 6. Mineiro | 7. Nordestino
8. Nortista | 9. Paulistano | 10. Sertanejo | 11. Sulista | 12. Florianopolitano
13. Carioca | 14. Brasiliense | 15. Serra amazônica | 16. Recifense
Adaptado de https://pt.wikipedia.org/wiki/Dialeto_baiano

Assim, considerando que falamos variações da língua padrão, aconselhamos que vocês consultem as provas das edições anteriores do Enem, buscando compreender os enunciados de cada questão, uma vez que os textos seguem a norma culta da língua. Se precisar, utilize um bom dicionário (impresso ou online).

Além de pedir que estudem mais sobre variações linguísticas, gostaria, também, de deixar um tema para reflexão: Vocês já perceberam que os dialetos nordestinos aparecem na mídia, na maioria das vezes, para fazer rir? O que vocês acham disso? Será que isso alimenta o preconceito? Falaremos um pouco sobre isso no próximo texto.

Até breve!

Geraldo Seara
Professor da Rede Pública Estadual de Ensino da Bahia

BNCC e as disciplinas

books-1281581_960_720Fig. 1: https://pixabay.com/pt/photos/livros-estudantes-biblioteca-1281581/

Olá! Como todos já devem saber, 2019 será o ano de adaptação às mudanças propostas pela nova Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que define um número mínimo obrigatório de duas disciplinas e flexibilidade para outras. Como está posto, apenas português e matemática serão disciplinas obrigatórias nos três anos do Ensino Médio, enquanto as demais disciplinas serão oferecidas de modo interdisciplinar, a depender da realidade de cada região. O blog Ponto Didática nos faz um alerta ao dizer que “essa obrigatoriedade de ter apenas língua portuguesa e matemática é um caminho um tanto perigoso. É preciso tomar cuidado para não induzir que apenas estas disciplinas são importantes. Além disso, as demais disciplinas que serão oferecidas em caráter interdisciplinar e optativo correm o risco de não serem trabalhadas com qualidade, uma vez que não são obrigatórias e por sua vez não serão avaliadas”. Tenho percebido um ar de comemoração entre alguns estudantes, ao saberem que muitas disciplinas não estarão na lista das obrigatórias, como antes. Infelizmente, como nem todos podem prever o futuro, podemos recorrer ao histórico de muitas pessoas que, no passado, deixaram de estudar determinadas conteúdos em seus currículos. Houve um tempo em que tínhamos duas opções de cursos nos colégios: Científico e Profissionalizante. Atraído pela promessa de um futuro emprego, eu embarquei na segunda opção, em 1976.

typewriter-163990_960_720-595x331
Fig. 2: Escritório antigo. https://pixabay.com/pt/photos/m%C3%A1quina-de-escrever-antigo-163990/

Meu curso era Habilitação Básica em Comércio. As disciplinas eram voltadas para o objetivo profissionalizante do programa. Assim, as aulas de matemática eram voltadas para a contabilidade, enquanto as de português eram voltadas para redação oficial, incluindo atas. As demais disciplinas apareceram apenas no 1° ano – e bem de leve. Não estudei as da área de humanas, nem química, nem física, como faziam os meus pares do curso Científico. Confesso que fiquei contente, por poder manter o foco apenas na área que eu tinha escolhido (ou que escolheram pra mim).

Sabem o que aconteceu? O mundo mudou!  Ao término do curso, já não havia mais vagas de auxiliar de escritório (o máximo que se podia exercer), mas apenas para office-boy – e sem carteira assinada. E agora, José? Uma grande chance de emprego apareceu pra mim, mas numa área totalmente diferente daquela para a qual eu tinha sido preparado. Mesmo assim, decidi enfrentar os testes de admissão. Neles, havia questões de inglês, física, química, biologia, geografia e muita história. Essas disciplinas tinham ficado de fora do meu currículo, mas o futuro empregador não estava nem aí pra isso. Felizmente, eu gostava muito de ler, graças ao meu primário bem feito. Foi o que me salvou.

Lembro de uma questão sobre um voo hipotético com destino a Copenhague e Joanesburgo. Perguntavam se as cidades estariam num mesmo continente, quais suas línguas e costumes (Pelé, na Suécia e Mandela, na África do Sul me ajudaram a responder).  Queriam saber, também, se eu tinha noções de física ao perguntarem sobre a ação do vento sobre a asa de um avião (aí lembrei das figurinhas que disputávamos no bafo-bafo). Queriam saber, até, minha opinião sobre Santos Dumont e os Irmãos Wright. Chutei muitas das questões, naturalmente, mas acertei muitas, tudo com base na minha visão de mundo, dos livros e de tudo o mais que li e vi

1024px-14-bis_de_Alberto_Santos_Dumont2-595x258
Fig. 3: https://en.wikipedia.org/wiki/Santos-Dumont_14-bis

Finalmente admitido como aeroviário, nos primeiros dias compreendi o porquê das perguntas feitas no teste de admissão. Eles precisavam de jovens que pudessem manter uma conversa com passageiros brasileiros e estrangeiros e que pudessem resolver problemas. Já relatei, em outro texto, o espanto de um passageiro ao me ver trabalhando no check-in da empresa, pois a periferia não cabia ali. E sem o conhecimento que me foi retirado, aí é que eu não caberia mesmo!

Assim, colegas professores e caros estudantes, precisamos compreender e assimilar cada uma das dez competências gerais da BNCC. Aliás,  o conhecimento é uma das competências e, justamente essa, precisa contar com todas as disciplinas do currículo. Dentre as seiscentas páginas de todo o material produzido há trechos que realmente impressionam, por estarem em consonância com as transformações sociotécnicas que vivenciamos hoje. Mas temo pelos terrenos onde essa semente está sendo lançada. Que frutos darão?

Geraldo Seara
Professor da Rede Pública Estadual de Ensino da Bahia

Firehosing? O que é isso?!

Olá!

A essa altura, você já deve conhecer bem o termo fake news. Mas você sabe o que é firehosing? Este é mais um termo da língua inglesa que tem a ver com essa prática nada recomendável, aliás criminosa, de espalhar notícias falsas, mas desta vez em grande volume.

Firehosing é um composto de duas palavras em inglês, a saber, fire (fogo) e hose (mangueira). Firehose, portanto, é mangueira de incêndio, que, com o acréscimo do sufixo ing passa a denominar o ato de extinguir o fogo.  E como todos sabemos, o jato de água que sai desse tipo de duto é tão potente, que pode causar danos gravíssimos quando apontado para pessoas, o que costuma acontecer em algumas manifestações públicas, como no movimento pelos direitos civis dos negros, nos Estados Unidos, em 1963. Segundo relatos daquela época, a força dos jatos disparados contra a população negra era tão intensa que a carne de alguns chegou a ser separada dos ossos! E a manifestação foi pacífica… Assista ao vídeo de 24 segundos, sobre aquele dia.

https://en.wikipedia.org/wiki/Birmingham_campaign High school students are hit by a high-pressure water jet from a fire hose during a peaceful walk in Birmingham, Alabama in 1963.

Já deu pra perceber a relação entre firehosing e fake news? Isso mesmo: assim como as mangueiras de incêndio potencializam o jato d’água, do mesmo modo a distribuição em massa de fake news potencializa seus efeitos. Dizendo de outra maneira, firehosing vem a ser o envio repetitivo de notícias falsas, em um volume tão grande, que é quase impossível não se atingir o objetivo: influenciar pessoas. E se apenas um único zap maldoso pode causar estragos na vida de alguém, imagine uma quantidade imensa de fakes sobre um mesmo fato!

Além dos péssimos exemplos dessa prática que presenciamos recentemente, gostaria de mencionar um outro caso curioso, envolvendo um conceituado site que reúne informações sobre os melhores lugares e serviços do mundo. Vamos lá: um cara de Londres resolveu inventar um restaurante. Ele começou a publicar fotos e fatos a respeito de sua invenção, em tal quantidade, que o TripAdvisor inseriu o restaurante em sua lista de recomendações. Lembre-se: o restaurante não existia! Inicialmente, o falso restaurante ocupou a posição Nº 18.149 na lista das recomendações. Com isso, as pessoas começaram a ligar para o telefone informado, querendo fazer reservas. Quanto mais informações sobre o falso restaurante eram publicadas, mais aumentava o número de ligações de clientes em potencial. Para resumir, o falso restaurante chegou a ocupar a 30ª posição entre os melhores restaurantes da capital inglesa. Para ler mais sobre isso, clique aqui.

Minha vó costumava dizer quemuitos Deus te acompanhe pode [sic] não levar ninguém pro céu; mas basta um único diabo que te carregue pra acabar com a vida de uma pessoa”.

Foi preciso muito esforço para que as “qualidades” do falso restaurante o fizessem constar do site mencionado; mas basta um único zap maldoso para minar relações.

Mas por que acreditamos em notícias falsas?

Será que essa tendência tem a ver com o fato de desejarmos que certas coisas aconteçam contra o que odiamos ou a favor do que admiramos, independentemente da verdade?

A Psicologia e a Filosofia trabalham com dois dos conceitos que podem explicar muito bem essa nossa tendência: o raciocínio motivado (vale muito a pena assistir vídeo abaixo) e o realismo ingênuo. O primeiro conceito trabalha a ideia de que somos mais suscetíveis a crer naquilo que está, de certo modo, de acordo com nossas próprias opiniões, a ponto de acolhermos os factoides publicados, mesmo que nos digam que não são verdadeiros. Podemos, até, fazer uma pesquisa, mas vamos encontrar outras dez notícias falsas e apenas uma ou duas verdadeiras. Assim, desistimos de procurar, acreditando que o falso é verdadeiro, por causa das nossas próprias crenças.

O segundo conceito trabalha a ideia de que cremos que a nossa opinião sobre os fatos é a única possível e que quem discorda dela é um tolo, idiota e, claro, ingênuo.

Foi assim que vimos uma nação inteira acreditando que havia armas de destruição em massa, no Iraque, como justificativa para uma invasão (março de 2003) e destruição daquele país. Os americanos não tinham nenhuma prova, mas tinham muita convicção. E mesmo que o chefe dos inspetores no Iraque, Hans Blix, tivesse informado que não tinham encontrado nenhum sinal das tais armas, mesmo assim, o país foi invadido. No final, a verdade: as tais armas nunca existiram. Será que um pedido de “desculpem aí, Iraquianos. Nós nos enganamos” resolve a questão?

Veja um exemplo do raciocínio motivado (2’08”):

Para escrever este texto, fiz uma pesquisa exaustiva sobre os conceitos que trouxe aqui. Encontrei muitos textos que foram escritos antes do resultado do segundo turno da nossa eleição presidencial e todos apontavam para o cenário que, ora, conhecemos. Eu mesmo escrevi, neste blog, sobre o poder da mídia (2016), já apontando para o futuro. A cada texto lido, parei para refletir sobre minha inclinação política e o conteúdo que apresento, sentindo-me em paz, pois contra fatos não existem argumentos. O fiel da balança pendeu para as muitas respostas que dei à avalanche de fake news que eu recebi, via Whatsapp. Respondi apresentando os fatos reais, nas versões originais, sem os cortes tendenciosos. Mas foi tudo em vão. Os que me enviaram as mentiras continuam crendo nelas.

Fazendo a autocrítica, adverti a muitos que, da esquerda, também fizeram uso da mesma estratégia, mas num volume imensamente menor, não caracterizando o firehosing.

Cristiano Ronaldo (Portugal) being shown a yellow card after a challenge with Iranian player that was reviewed by referee Enrique Cáceres as a potential red card incident.

Ah! Quem dera pudéssemos recorrer ao VAR (Video Assistant Referee), como se faz no futebol, quando o juiz precisa confirmar a verdade dos fatos. Infelizmente, no lance envolvendo o jogador Cristiano Ronaldo, na Copa 2018, mesmo com seis árbitros de vídeo indicando cartão vermelho, o juiz, soberanamente, deu apenas o cartão amarelo. O que teria motivado o raciocínio daquele juiz? Veja o trecho da cotovelada e decida você.

Este texto não é sobre política partidária. É sobre pessoas e futebol.

Geraldo Seara
Professor da Rede Pública Estadual de Ensino do Estado da Bahia.

REFERÊNCIAS

Ver no Medium.com

https://exame.abril.com.br/tecnologia/a-psicologia-por-tras-das-noticias-falsas/http://revistasimplesmente.com.br/raciocinio-motivado/

https://revistagalileu.globo.com/blogs/olhar-cetico/noticia/2014/10/raciocinio-motivado-acreditamos-no-que-confirma-nossas-esperancas-e-preconceitos.html

https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2003/030110_iraqueep.shtml

https://en.wiktionary.org/wiki/firehosing

Hipercorreção

Em Linguística, hipercorreção também chamada ultracorreçãoé um fenômeno muito presente no cotidiano dos falantes de uma língua, que, nas palavras da professora Stella Maris Bortoni-Ricardo, “decorre de uma hipótese errada que o falante realiza num esforço para ajustar-se à norma-padrão. Ao tentar ajustar-se à norma, acaba por cometer um erro”, (BORTONI-RICARDO, 2004 p.8, apud SANTOS).

Há várias definições para o fenômeno, sendo algumas bem sofisticadas, mas, resumindo, é fazer correção onde não há erro. E isso acontece por diversos motivos, desde simples analogias ao que já foi aprendido, passando pela insegurança linguística, até o esforço de falar difícil.

Como exemplos de analogia às formas já aprendidas, os mais corriqueiros vêm de falantes que aprendem a dizer telha em vez de teia e velha em vez de véia e que passam a dizer também telha de aranha e injeção na velha.

De acordo com o professor Cláudio Moreno, “não é qualquer pessoa que comete erros de hipercorreção; paradoxalmente, eles só atacam os falantes que têm certo grau de estudo, preocupados honestamente com o correto uso do idioma”, (MORENO, 2009). Há casos em que alguns falantes chegam a repetir um termo que a outra pessoa disse, de modo hipercorrigido, com a intenção de apenas “educar”, pois julga estar fazendo a coisa certa. A palavra privilégio, por exemplo, é uma das preferidas, ao ser repetida pelo outro interlocutor como previlégio, numa tentativa de ensinar “o certo” ao outro. Esse erro, talvez, acontece, por conta dos usos cotidianos do prefixo pré, como em pré-pago, pré-escola e de palavras como previdência, previsão, previsto, presidente, prepotência, preposição, etc. Nesse caso, o falante acaba trocando o i pelo e, tentando seguir um padrão. Essa é só uma forma bem simples de tentar entender parte desse processo.

Entre pessoas comuns, a hipercorreção ocorre de modo corriqueiro, sem traumas. Já entre pessoas públicas e/ou famosas, o caso vai parar na mídia! Foi assim com o ministro, quando disse em público: haverão (sic) mudanças” no Enem. O caso foi manchete em tudo quanto é jornal e nas redes sociais. O alarde teve um lado positivo, pois muita gente ficou sabendo da regra com o verbo haver, que quando significa ocorrer, existir, etc., é impessoal e, portanto, deve permanecer na 3ª pessoa do singular. Mas quem está livre desses escorregos na língua? O falante aludido aqui não era apenas ministro: a pasta dele era da Educação, daí a exigência da multidão. Mas quando essa exigência se faz a alguém que não teve acesso ou precisou deixar a escola pra trabalhar, passa a configurar preconceito linguístico.

Nos anos sombrios da ditadura, houve um outro tipo de correção. Essa, sim, era perversa e cheia de más intenções. Considerando nossa imensa área territorial e toda a diversidade linguística decorrente disso, é um crime censurar alguém pelo registro que utiliza para se comunicar, ou pelo estilo que deseja imprimir em suas obras. E se essa comunicação se faz pela poesia, ainda mais dor causa a censura. Assim, erra quem tenta corrigir a voz de um Patativa do Assaré, quando ele diz basta vê no mês de maio, um poema em cada gaio, um verso em cada fulô”. Que maldade corrigir um Adoniran Barbosa por conta do seu “Tiro ao Alvaro. Quem não cantou e ainda canta ‒ “De tanto levar frexada do teu olhar…”.

Sim, censores, o teu olhar mata mais que atropelamento de artomorve, mais que bala de revorve”.

“A hipercorreção da ditadura contra ‘Tiro ao Álvaro’, de 1974.
Documento oficial da DCDP (Divisão de Censura de Diversões Públicas), em que consta censura à letra da música “Tiro ao Álvaro”, de Adoniran Barbosa, em 1974. O órgão da ditadura militar que atuou entre 1964 e 1985. Este e outros acontecimentos documentos podem ser vistos em www.memoriasreveladas.gov.br.
Imagem e descrição extraídas de
<http://www.advivo.com.br/blog/joao-paulo-caldeira/clone-de-fotos-charges-e-tirinhas-230>

REFERÊNCIAS:

MORENO, Cláudio. Hipercorreção. Disponível em < http://sualingua.com.br/2009/05/11/hipercorrecao/ >. Acessado em 13/07/2018.

SANTOS, Edson. O fenômeno da hipercorreção linguística: entenda um pouco mais. Disponível em <https://revistaidentidade.webnode.com.br/news/o%20fenomeno%20da%20hipercorre%C3%A7%C3%A3o%20linguistica%3A%20entenda%20um%20pouco%20mais/>. Acessado em 13/07/2018.

Geraldo Seara
Professor da Rede Pública Estadual de Educação.

Texto publicado originalmente em http://blog.pat.educacao.ba.gov.br/blog/2018/07/19/hipercorrecao/

A arte de dar vida às personagens

Construir uma obra fílmica de ficção é uma tarefa de responsabilidade imensa já que personas vão tomando formas concretas, a tal ponto de seu autores não conseguirem mais frear suas atitudes, pois, quando a construção delas é sincera, elas passam a falar por si só, obrigando aos seus desenvolvedores esquecerem de suas premissas, conceitos e pré-conceitos sobre tudo. As ações perpassam os interesses de quem as escreve como se, de repente, não conseguissem mais segurar a língua e o corpo dessas criaturas e, se tentarem fazê-lo, estarão negligenciando seus atos, causando até uma inverossimilhança interna por conta dos seus conceitos pré-concebidos.

No cinema, isso é exposto à máxima potência já que, além das ações descritas em palavras, temos as ações concretizadas em forma de imagens captadas em close, revelando, então, nuances de gestos, muitas vezes imperceptíveis em outros veículos como o palco de teatro e, até mesmo, a tela da TV, pelo seu tamanho reduzido.

Existem diversos exemplos de personagens que tomaram outro rumo que não era o previsto por seu autor, no início. Eram simplesmente coadjuvantes, mas que ganharam uma força tão grande, que superaram os protagonistas. Veja como exemplo o Coringa do filme Batman – O Cavaleiro das Trevas, no qual o ator Heath Ledger “rouba” a cena, deixando o personagem Batman quase que em segundo plano. Segundo o diretor, a proposta não era inicialmente essa, mas o empenho do ator fez com que cenas extras fossem criadas para explorar mais o caráter da personagem.

mcdonalds-2227657_960_720

Fig,1 Ator Heath Ledger

Em outros casos, personagens coadjuvantes tomam vida de forma tal que cenas extras começam a ser escritas para elas, como foi o caso de Bebel, interpretada por Camila Pitanga em Insensato Coração de Gilberto Braga.

No Brasil, existem outros exemplos de mudança no caminho de algumas personagens, tanto no cinema, quanto na TV, a exemplo de Igor, o cigano, interpretado pelo modelo Ricardo Macchi na novela Explode Coração, de Glória Perez. Na história era previsto o romance entre ele e Dara, a protagonista interpretada por Tereza Seiblitz. No entanto, a interpretação do ator ficou muito abaixo do esperado e o romance dos dois foi declinando até calar sua voz, sendo substituído por um outro par romântico, formado agora por Dara e João Falcão, interpretado por Edson Celulari.

1280px-Logo_Explode_Coração

Fig. 2 google.com.br/url

Quando personagens perdem a importância, devido à dificuldade de seus intérpretes em construí-los e desenvolvê-los, ao longo das telenovelas, o autor, muitas vezes toma a atitude mais drástica, a de matá-los. Em se tratando de filmes, a saída é cortá-los na edição.

Como a vida imita a arte, segundo um ditado bem conhecido, há também personagens reais que assumem posições nas quais  não eram esperadas, muitas vezes em detrimento de outros. Vejamos o caso da presidência da república que, por diversas vezes e diversos motivos, teve seu vice assumindo a vaga do presidente, em alguns momentos do nosso país: Deodoro da Fonsêca foi substituído  por Floriano Peixoto, através de um Golpe de Estado; Afonso Penna, por Nilo Peçanha, por causa da morte daquele; Delfim Moreira por Rodrigues Alves, que assumiu, interinamente, já na posse, por doença do líder; Getúlio Vargas por Café Filho, Jânio Quadros por João Goulart, Tancredo Neves por José Sarney (da mesma forma que aconteceu com Delfim Moreira e Rodrigues Alves), Fernando Collor por Itamar Franco e, por último, Dilma Rousseff por Michel Temer e, neste caso, também se tornou uma verdadeira história de horror.

O racismo no Brasil: a questão do colorismo

A sociedade brasileira se construiu a partir de algumas bases históricas, entre elas o racismo estrutural. A escravidão, além de ter sido a atividade que sustentou por três séculos a economia no país, deixou marcas sociais profundas, como o racismo, crença e prática a partir das quais se estabelecem hierarquias sobre a pessoas com o critério racial. Apesar de o racismo também afetar as pessoas por características étnicas (no campo das práticas culturais), o preconceito com o fenótipo negro é gritante no cotidiano brasileiro.

Os negros e negro-mestiços brasileiros ainda hoje sofrem consequências do lugar social que ficou legado pela escravidão, seja nas diferenças evidentes nos aspectos sócio-econômicos, seja na negação das representações positivas de negritude em espaços de poder. Na TV e nas mídias em geral, não temos o povo negro representado devidamente na complexidade de sua presença na sociedade brasileira.

Entre as pessoas, descendentes de africanos nascidos no Brasil, é preciso falar da diversidade de tonalidades de cor de pele, provenientes da miscigenação que ocorreu no Brasil desde o século XVI. O fenótipo (característica física que se observa nas espécies) negro no nosso país é variado. Peles mais claras ou escuras, cabelos crespos, traços fisionômicos negróides são comuns à maioria da população e são considerados hoje, características da negritude brasileira. 

Negra_da_Bahia,_1885._Foto_de_Marc_Ferrez
Mulher negra da Bahia fotografado por Marc Ferrez (c.1885).

Neste sentido, não é apenas negro aquele que possui a pele de cor negra, mas as pessoas que comumente podem ser chamadas de “mestiças” também são negras, na medida que fazem parte de uma extensa comunidade de pessoas que compartilham de lugares sociais reservados aos negros, podendo algumas vezes estarem presentes em outros estratos sociais, mas sempre com a marca da negritude. Nesse sentido, assumir a negritude é um ato político.

Essa variedade de tons de pele das pessoas negras é chamada de colorismo e ganhou destaque nos debates sobre racismo bem recentemente, inclusive como desenvolvimento das pressões necessárias exercidas pelos movimentos de afirmação étnico-racial em terras brasileiras. O colorismo é um fenômeno nosso, e entender sua existência diz respeito às maneiras como o racismo atua no Brasil, ora aproximando, ora afastando pessoas negras com diversas tonalidades de pele. As pessoas de cor mais escura e características negras mais marcantes certamente sofrem mais com o racismo, pois são identificadas de imediato com o imaginário negativo construído sobre os negros no Brasil, mas isso não significa que negros de pele mais clara possam ser identificados como pessoas brancas e gozem integralmente dos privilégios mais amplos dos brancos.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Afro-brasileiros#/media/File:Alberto_Henschel_Pernambuco_2.jpg
Moça mulata fotografada por Albert Henschel (c.1869).

O colorismo precisa ser conhecido e discutido cada vez mais, seja nas ruas, nas Escolas, em casa, em todos os ambientes. Ah! E por falar nisso, que tal conferir dois episódios do Quadro Histórias da Bahia, da Rede Anísio Teixeira que abordam a presença africana e afro-brasileira na história do Brasil?

O primeiro é Heranças do além-mar  e o segundo é Revolta dos Malês!

Vamos pros debates!

 

Carlos Barros

Professor da Rede estadual de ensino da Bahia.

Vai de Espanhol no Enem?

 

Hispanofonia: em vermelho, o espanhol como língua oficial; em azul, como segunda língua oficial e, em rosa, não oficial mas de grande importância. Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Map-Hispano.png

A prova de língua estrangeira no Enem chega a causar alguma preocupação entre os estudantes, sobretudo por causa do tempo de estudo de idiomas que é sempre insuficiente, mesmo em escolas que levam a sério a questão. Levando-se isso em consideração, atentar para algumas dicas vai ajudar bastante. Na verdade, são poucas as questões de Espanhol – apenas cinco -, mas que visam a testar não só o conhecimento da língua, mas também a capacidade de interpretar o que está nas entrelinhas. Para isso, é preciso conhecer pelo menos um pouco sobre as culturas por trás do idioma, pois o espanhol é falado desde o México até o extremo sul do Chile e Argentina, além da Espanha, é claro, espalhando-se sobre um imenso mosaico cultural, refletindo na língua, em cada canto, os costumes próprios de cada país. Mas não devemos nos preocupar muito quanto à diversidade decorrente desse fato, porque existe uma instituição que se encarrega de manter a unidade linguística entre os vários territórios abrangidos. Trata-se da Real Academia Espanhola que, nas palavras extraídas do próprio site, “es una institución con personalidad jurídica propia que tiene como misión principal velar por que los cambios que experimente la lengua española en su constante adaptación a las necesidades de sus hablantes no quiebren la esencial unidad que mantiene en todo el ámbito hispánico”, según establece el artículo primero de sus actuales estatutos. 

É preciso notar que o texto fala de unidade e não de unificação. A propósito, no Enem de 2013 uma das questões da prova de Espanhol tratava, exatamente, desse assunto. Dê uma olhada, seguindo o este link.

Quanto ao pequeno trecho em espanhol acima, as palavras são muito próximas do português, pois derivam do mesmo latim popular. Mas é preciso atentar para algumas armadilhas do idioma, pois uma mesma palavra pode ter sentidos diferentes lá e cá. Por exemplo, observe a charge abaixo:

Fonte: http://www.tradutoradeespanhol.com.br/2013/01/falsos-amigos.html

 

Num momento anterior à representada na imagem, a espanhola (de azul) pediu “una taza de café”. A brasileira, então, serviu-lhe café numa taça. Taza parece taça, mas é xícara. E taça em espanhol é copa. Mas, muito além dessas situações envolvendo os falsos cognatos, devemos atentar para os problemas socioeconômicos e a situação política da América Latina e Espanha, o que, certamente, contribui bastante para a compreensão de muito dos textos. Vocês estão atentos ao movimento separatista da Catalunha? Será que isso pode cair na prova? Para estarmos antenados com esse fato e muitos outros, devemos realizar leituras diárias nos impressos disponíveis online, a exemplo de El País (Espanha), Clarín (Argentina) e La Nación (Chile) e etc. Embora seja possível acessá-los em português, ler os textos em espanhol, obviamente, será de grande valia.

As questões gramaticais não podem ficar de fora. Para isso, indicamos, abaixo, alguns vídeos catalogados na Plataforma Anísio Teixeira, com mais dicas para a prova de Espanhol:

Paradigma Verbal

El Pretérito Indefinido Irregular

Ejercicios Estilo Indirecto

Actividad de los Acentos o las Tildes en Español

Boa sorte!

Geraldo Seara
Professor da Rede Pública Estadual de Ensino

P.S. Agradecimento especial à Professora Mônica Mota, pela catalogação dos vídeos indicados.

 

REFERÊNCIAS

ESPAÑA. Real Academia Española. La instituición. Disponível em < http://www.rae.es/la-institucion> Acessado em 20/10/2017.

SORGATO, Diana. Falsos amigos. Disponível em < http://www.tradutoradeespanhol.com.br/2013/01/falsos-amigos.html> Acessado em 20/10/2017BRASIL.

 

#Melhore!

Que as redes sociais digitais são um reflexo da convivência com as pessoas do nosso cotidiano, todo mundo sabe. Então, tudo que existe sem a mediação da tela, está presente no mundo em que ela é fundamental para estabelecer a comunicação. Sendo assim, a forma como uma pessoa trata a outra — com carinho, rispidez, indiferença, empatia — também vai ter eco no Facebook, Instagram, Twitter e demais mídias. Nesse sentido, você já percebeu como algumas expressões usadas nesses meios são desrespeitosas e, quase sempre, incitam a violência?

Fig. 1: ilustração feita por Raulino Júnior

Isso fica muito evidente entre os fãs de artistas populares, que, muitas vezes, são estimulados por seus próprios ídolos a terem uma postura combativa nas redes; e também entre ativistas políticos, uma vez que a radical polarização não admite um equilíbrio nos debates. As expressões usadas contribuem para uma convivência nada harmoniosa entre quem posta e quem comenta. Uma das mais frequentes é “O choro é livre!”, que, por si só, soa agressiva. É sempre usada quando alguém posta alguma coisa que pode gerar muita polêmica. É como se o autor da postagem dissesse: “É isso mesmo! Quem não gostou, pode chorar”. Para quem recebe isso na timeline, percebe a imposição que está explicitada no simples uso da expressão.

Outra que figura nas mídias sociais é “Melhore!”. Ela carrega em si uma desaprovação em relação àquilo que foi postado. Em geral, se algum famoso dá alguma declaração considerada desastrosa, ele sempre recebe o carimbo de “Melhore!”. Um conselho bem acintoso. Desconhecidos também são vítimas do “Melhore!”. Ninguém escapa.

“Apenas pare!” segue a mesma linha de “Melhore!”, só é mais impositiva. Ou seja: não dá chance para a pessoa melhorar, já pede para ela parar com aquela postura que, para quem julga, é reprovável. “Seje menas!” (assim mesmo!) é da mesma natureza.

Há expressões que trazem uma intenção um pouco mais positiva, mas, ainda assim, soam desrespeitosas. É o caso de “Pisa menos!” e “Chupa!”. A primeira é usada quando alguém — famoso ou anônimo — faz algo que é considerado muito bom na visão de quem lê o que foi publicado; a segunda, mais voltada para os receptores da mensagem, é bastante agressiva e aparece quando quem posta quer enfiar a sua predileção goela abaixo. “Chupa!” é o novo “Aceita que dói menos!”, amplamente popularizada entre as pessoas que habitam no universo das redes sociais digitais. Será que “Chupa!” é uma releitura de “Chupa essa manga!”? Ou será da família de “Descasque este abacaxi!”? Ficam os questionamentos.

Não se pode negar que, linguisticamente, o uso dessas expressões trazem riqueza para o léxico do nosso idioma. O que se espera é que elas não continuem sendo usadas para desrespeitar e incitar a violência. É preciso ter respeito sempre. Em qualquer espaço. #Melhore!

Leia também:

Você é o que você compartilha: http://blog.pat.educacao.ba.gov.br/blog/2017/02/13/voce-e-o-que-voce-compartilha/.

O internetês e a Língua Portuguesa: http://blog.pat.educacao.ba.gov.br/blog/2013/01/14/o-internetes-e-a-lingua-portuguesa-2/.

Vc jaH imaginoW t D encaraH 1 textU TdO escritU assim?: http://blog.pat.educacao.ba.gov.br/blog/2017/06/20/vc-jah-imaginow-te-d-encarah-1-textu-tdo-escritu-assim/.

Suicídio, Adolescência e Redes Sociais: http://blog.pat.educacao.ba.gov.br/blog/2017/06/22/suicidio-adolescencia-e-redes-sociais/.

 

Raulino Júnior

Professor da Rede Pública Estadual de Ensino da Bahia

Vá com ética no ENEM!

O ENEM acontece todo ano e não podemos esquecer que todas as disciplinas são muito importantes, sendo a Filosofia uma delas. Pascal, físico, matemático do sec. XVII dizia: “Há mais coisas entre o céu e a terra, do que supõe a nossa vã filosofia”. Bem, o que podemos elaborar em torno da palavra vã?! Pode ser considerada como aquilo que não tem conteúdo; que é contrário à realidade[1]. Contudo, Heráclito, pré-socrático do sec. VI – V a.C., dizia que tudo é movimento, isto é, “tudo flui”, nada permanece o mesmo. As coisas estão numa incessante mobilidade.

Estas e outras questões estão associadas à Filosofia quando estudamos ética e moral. “A moral diz respeito aos costumes, valores e normas de conduta específicos de uma sociedade ou cultura, enquanto que a ética considera a ação humana do seu ponto de vista valorativo e normativo”[2]. Por exemplo, na Grécia antiga, a escravidão era justificável: não éramos iguais e, assim sendo, a ausência da liberdade também! Na idade Média, a tortura era prática admitida. Todavia, desde o sec. XX que somos regidos pela Constituição da República Federativa do Brasil, 1988, dentre outras questões morais, no art. 1º observamos: “devemos respeitar a dignidade da pessoa humana”; no art.3º parágrafo IV devemos “promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. ” No art. 5º parágrafo XLII – “a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei. ”

Em linhas gerais: a moral está ligada aos valores necessários ao convívio entre os membros de uma sociedade e a ética está sempre questionando, construindo e refletindo.  A Filosofia é atual. Os autores e seus conteúdos podem e devem referendar a sua consciência questionadora, não esquecendo que: pensar é filosofar!

A Plataforma Anísio Teixeira (PAT) “antenada” com questões propulsoras, confirmam através de diversos temas, os seus conteúdos ou objetos educacionais seguindo “o aprimoramento do educando, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico”.[3]

O Programa Máquina de Democracia com o tema de Educação e Direitos Humanos estrutura-se com as bases legais que norteiam a Educação no pais.

http://pat.educacao.ba.gov.br/tv-anisio-teixeira/programas/exibir/id/1954

Dois Dedos de Prosa, Edição 8, é um programa com dois pesquisadores que conversam sobre Educação e Movimentos Sociais, a partir dos tópicos: panorama histórico no Brasil, o trabalho pedagógico e políticas públicas.

http://pat.educacao.ba.gov.br/tv-anisio-teixeira/programas/exibir/id/1593

O racismo que pode levar a pena de reclusão aos atos de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional pode ser visto através do Filmei!  com a temática: Preconceito Social.

http://pat.educacao.ba.gov.br/tv-anisio-teixeira/programas/episodios/id/3901

Além da ficção temos o documentário: Nó de Nós que relata através da arte manual, poética e histórica as atribulações que os negros, escravos, africanos foram acometidos ao saírem do seu pais de origem.

http://ambiente.educacao.ba.gov.br/tv-anisio-teixeira/programas/exibir/id/5847

Referências

BRASIL. CONGRESSO NACIONAL (1996) LDB – Lei 9.394/96. Estabelece Leis, Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília, DF, 1996.

______. Presidência da República. Casa Civil. Lei nº 1O.639, de 09 de janeiro de 2003. Brasília, 2003.

______. Presidência da República. Casa Civil. Lei nº 11.645, de 10 de março de 2008. Brasília, 2008.

 _______. Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial.

______ . [Constituição (1988) ]. Constituição da República Federativa do Brasil [recurso eletrônico]. — Brasília: Supremo Tribunal Federal, Secretaria de Documentação, 2017. Disponível em:

http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/legislacaoConstituicao/anexo/CF.pdf

Plano Nacional de Implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais para as Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Junho, 2009.

Ética e cidadania: construindo valores na escola e na sociedade – MEC – Disponível em:

http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/materiais/0000015509.pdf

 ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. Disponível em:

http://charlezine.com.br/wp-content/uploads/2011/11/Dicionario-de-Filosofia-Nicola-ABBAGNANO.pdf

[1] Dicionário eletrônico da língua portuguesa Houaiss – 2009

[2] ABBAGNANO, 2007

[3] PCN – Ensino Médio – http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/cienciah.pdf

Fátima Coelho

Educadora da Rede Pública Estadual de Ensino do Estado da Bahia